Segunda Segunda que saiu na Terça!

Algumas pessoas não sabem, mas eu tenho um livro publicado com outro nome (Prata Pura, no qual assino A. Alevato). Este é um livro pouco lido, pouco divulgado. Então, qual não foi a minha surpresa ao encarar a crítica feita por Drica Bitarello na Amazon?
Drica é uma pessoa séria, com romances medievais profundos - e de capas maravilhosas, diga-se de passagem - conhecida por críticas imparciais. Então, quando li o texto abaixo, eu fiquei emocionada, feliz, extasiada e, sei lá... animada para seguir em frente.

""Prata Pura" era um romance que já estava no meu Kindle há algum tempo, mas por uma razão ou outra, eu acabava passando outro livro na frente. Ontem a noite eu resolvi começar a lê-lo. E foi tão bom que terminei menos de 24h depois! Fazia muuuuito tempo que uma leitura não me fisgava assim!
A sinopse e a capa do livro (que me fez imaginar, na primeira vez em que a vi, que se tratava de um romance steampunk) não dão ideia, nem de longe, do quão interessante é a história. Uma mescla de realidade e ficção que resulta num enredo que fica entre o romance de época e uma fantasia utópica.
A narrativa em terceira pessoa começa no ano de 1807 com o desterro da jovem Julienne Elie e de sua fiel criada. Julienne é uma baronesa viúva, empobrecida e abandonada pelo amante, um príncipe inglês que, ao sabê-la grávida, despacha-a para o Brasil para um casamento arranjado. Mas a moça não se conforma com seu destino e durante a viagem toma uma atitude extrema que vai mudar o curso da história. E é a partir deste ponto que a narrativa toma um rumo incrível e surpreendente.
A. Alevato constrói com maestria o império de Boaventura, com sua cultura, suas paisagens, seus costumes, sua mitologia, tudo muito bem coerente e verossímil, absolutamente integrado ao contexto temporal sem, no entanto, abrir mão do lado utópico da história.
O Império de Boaventura é um matriarcado multirraracial e multicultural. E a forma como a autora vai nos apresentando e inserindo neste contexto é muito natural. A riqueza de sua construção está presente nos mínimos detalhes do texto, como as descrições dos trajes, das situações que mesclam os modos recorrentes das cortes europeias com usos e costumes de povos indígenas e africanos.
"Um licor finamente preparado com grãos de café do Brasil foi servido ao casal principal, que se despedia ainda à mesa do café da manhã, decorada com um caríssimo jogo de chá todo feito de cabaças de diferentes tamanhos e pinturas."
Isso sem falar na inversão dos papéis sociais tradicionalmente atribuídos a homens e mulheres. Em Boaventura os homens não votam, não estudam e são acompanhados por seus valetes a todos os lugares para que não corram o risco de serem desonrados.
"Bom, o Duque Consorte ocupa-se demais com sua gravata e pouco deve ser útil ao rapaz. Mesmo assim, mesmo cuidando do ducado, ainda o acho honesto e creio que será um bom marido. Está sempre acompanhado de seu lacaio, sabe portar-se nos bailes, toca flauta e é um excelente escultor."
Aliás uma das coisas mais mágicas deste livro foi que em cada linha que eu lia, ele me levava a perceber e encarar o quanto o machismo estrutural está profundamente arraigado, internalizado em todas nós, mesmo as mais conscientes e ferrenhas feministas. Como neste trecho total e deliciosamente subversivo:
"O anúncio do casamento era iminente e nunca, jamais, em nenhuma e absoluta hipótese, nem mesmo em um dos Impérios mágicos dos contos de fadas narrados nos livros de rapazes, nunca o Príncipe Francis o perdoaria."
Esses detalhes, aliados a uma trama encantadora e a uma riqueza vocabular ímpar, fazem de "Prata Pura" um livro único e muito gostoso de se ler. Aliás, a introdução do livro, por si só, já é uma prévia da escrita da autora. Definitivamente, entrou para meu rol de favoritos!"


Depois disso, até me animei para a versão impressa e cedi aos argumentos da Editora Portal. Minha condição? Quero a orelha feita pela Drica Bitarello! :) Gente boa como ela só, me ajudou até a refazer a sinopse do livro, o que, para mim, é um desafio muito maior do que a primeira frase de uma história.
Então, pensei: por que não ter a cara-de-pau de pedir pra ela responder minhas perguntinhas também? Já que ela foi tão solícita com a orelha e a sinopse, quem sabe não toparia ser "entrevistada" por mim?
Para minha total felicidade de "blogueira" (sim, entre aspas), ela TOPOU!
As capas, por si, já ganhariam muitas estrelas, mas para além disso, os livros dela contam histórias bem fundamentadas, bem trabalhadas e bem escritas. Coloquei a foto das minhas prediletas...




1 – Nome de autor: Drica Bitarello

2 – Quantos livros publicados até hoje?
São quatro romances da saga medieval Radegund — Reino dos Céus, Fogo Vermelho, A Cruz e o Crescente e O Despertar do Dragão, um romance de época sobrenatural, “Anjo Caído” (que em breve será relançado pela Editora Fora da Caixa impresso e em e-book), um romance policial que assino como Zelda Howard Zee chamado “Oportunidade”, participação nas antologias Romances em Contos de 2013, 1015 e 2016 e dois contos: De Meninos e Sonhos e Recomeçar. 

3 – Muitos engavetados? Pq?
Alguns! Em parte porque passei um longo período sem escrever, por conta de um processo depressivo. Atualmente estou retomando vários deles.

4 – Qual predileto?
A Cruz e o Crescente, o terceiro romance da saga Radegund. Principalmente porque ele marcou meu retorno ao mundo literário, depois de um hiato de quase dez anos.

5 – Como surgem as ideias?
De vários lugares e nas situações mais inusitadas. Numa viagem, dirigindo, até debaixo do chuveiro!

6 – Mesa: bagunça ou organização?
Organização.

7 – Para escrever: várias notas ou planejamentos e tabelas?
Os três! E notas em áudio. E post its. E quadro branco. Tudo!

8 – Ansiedade pré-publicação: como lida com ela?
Tranquilo. Eu reviso tudo, conto com betas, me programo com muita antecedência. Uma das poucas coisas não me deixam ansiosa é publicar um livro. Eu fico é curiosa com as impressões das pessoas que vão ler. Acho muito legal “ler” o que escrevo pelos olhos dos outros.

9 – Escrever é...
Minha cura. Junto com as pessoas que amo, é o que me dá vida.

10 – Ser escritora é...
Uma aventura e um privilégio. O alimento para a minha eterna curiosidade.

11 – Crítica negativa: sempre construtiva?
Depois de mais de dez anos no meio literário, aprendi a dar valor às críticas, positivas ou negativas. Pra pura puxação de tapete eu ligo o foda-se mesmo.

12 – Como é o apoio da família.
Tenho um companheiro maravilhoso ao meu lado, que vibra a cada conquista minha e entende quando levanto de madrugada pra sentar no computador. Também tenho um filho que me apoia e me dá suporte, me deixando livre para escrever.

13 – Profissão ou hobby?
Hoje não é uma profissão, porque não me sustenta. Mas esse é o meu objetivo.

14 – O que é literatura?
É um universo maravilhoso, que me permite ampliar todos os dias os meus horizontes, expandir minha mente, rever meus conceitos e conhecer pessoas incríveis.

15 – Qual o seu objetivo ao escrever?
Chegar ao coração das pessoas, tocar suas emoções com as palavras. Quando consigo fazer isso com uma história, a sensação é maravilhosa.

16 – Em qual autor se inspira?
(Vou repetir aqui da entrevista que dei pro GAB)
Muitas e muitos! Marion Zimmer Bradley e Kate Mosse me encantaram com suas estruturas narrativas e as personagens femininas exercendo seu poder em mundos (r)estritamente masculinos.
Tarik Ali e sua paixão crítica pela história muçulmana me ajudaram a ver além da visão estereotipada e homogeneizada que temos dessa fé aqui no ocidente.
Robert E. Howard me inspirou com o toque de magia que há na série. Suas histórias também me inspiraram a criar o bonachão Ragnar e seu eterno bom-humor.
Jan Guillou foi outra inspiração para decidir pela ambientação da trama no contexto histórico da época das Cruzadas. Na época em que a desenvolvia, considerei criar um universo paralelo, tipo uma fantasia medieval. Ainda bem que não fiz.
E por último, Machiavel e Shakespeare, que são autores cujas obras se tornaram fontes permanentes de consultas. Ninguém entendeu e traduziu as mazelas humanas como eles, cada um em sua própria visão.

17 – Planos e futuros lançamentos?
Vamos lá:
Anjo Caído sairá, ainda nesse semestre, pela Fora da Caixa, com nova capa, diagramação e versão impressa.
Na saga Radegund: Teremos um conto com Radegund e Mark no período entre os acontecimentos de Reino dos Céus e Fogo Vermelho, previsto para sair em março. Um prequel da saga, um livro menor, contando o romance que uniu Marit Ingesdatter e Sven Håkonson, os pais de Ragnar. E, claro, vamos conhecer mais sobre o nascimento desse norueguês “tudibão”. Esse livro deve sair no final de 2019. E para 2020 teremos Corações Sombrios, o quinto livro da série, ambientado na Sicília e na Terra Santa, de 1196.
Tenho também dois romances contemporâneos mais leves que pretendo publicar ao longo de 2019, mas ainda não posso falar muito sobre eles.

18 – Livros já publicados – nomes e links:
— Reino dos Céus: https://www.amazon.com.br/dp/B0716X9X8F
— Fogo Vermelho: https://www.amazon.com.br/dp/B072QRCBXD
— A Cruz e o Crescente: https://www.amazon.com.br/dp/B072KFNTKS
— O Despertar do Dragão: https://www.amazon.com.br/dp/B07H8Q3J25
— Oportunidade: https://www.amazon.com.br/dp/B074HD76PX
— De Meninos e Sonhos: https://www.amazon.com.br/dp/B07DT41RGY
— Recomeçar: https://www.amazon.com.br/dp/B079CLST3N


Então, pessoal, quem já leu alguma coisa da Drica? Conta pra mim!!!

Namastê!

Postagens mais visitadas

Casa 2 na Amazon!

Wattpad