O casamento do conde
*** Capítulo bônus com o casamento do conde de Letzburg ***
Depois dos percalços que viveram em "O conde de Letzburg", finalmente Ludwig e Beatrice vão casar!
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Atenção! Conteúdo impróprio para menores de 18 anos.
*** O casamento do conde ***
Colinas de Letz, janeiro de 1816.
Havia muito tempo desde a última vez que Beatrice visitara
as Colinas e o frio tornava o trajeto alguma coisa entre maravilhoso e
acolhedor. Ela apreciava aquele clima nevado que a remetia direto para o calor
dos beijos de Ludwig. Abraçando a si mesma, acariciou o aquecido casaco de
peles que o futuro marido a presenteara. Depois de montar um enxoval de princesa, como Anne disse, recheado de peças francesas, inglesas e
austríacas, Beatrice mal podia esperar para chegar em Letz e, finalmente, ser a
Condessa do Inferno.
A jovem sabia que não haveria uma grande celebração. As
Colinas ficavam isoladas demais para que qualquer um se aventurasse a ir,
especialmente no inverno, quando o branco do gelo fazia o lugar transpirar paz.
Tendo passado a noite em uma hospedaria, reformada
especialmente para recebê-la e decorada com velas e flores, novas roupas de
cama, colchas e uma tina maior do que o quarto de sua avó duquesa, instalada ao
lado de uma pequena lareira — igualmente nova —, que garantiria a temperatura
ideal da água, Beatrice só queria abraçar o futuro marido.
— O conde não economizou, minha senhora...
— Ainda sou uma senhorita! — Beatrice sorriu, maneando a
cabeça para Anne, que seguiu dizendo como se não tivesse ouvido:
— Acho que a está mimando demais... — Anne sorriu e a futura
condessa, que mal podia conter a felicidade, suspirou.
— É verdade, Anne? Isto está acontecendo de verdade?
— Está, senhorita.
— Sorriu.
— Quero dizer, ele realmente quer casar comigo? Porque esta cena lembra muito o que houve no ano
passado...
Anne deu alguns tapinhas na mão de Beatrice e tentou acalmar
o coração de sua senhora.
— Ele a ama, senhorita, desde que a viu pela primeira vez.
Beatrice suspirou e o castelo de pedras surgiu na paisagem.
Por um instante, a jovem prendeu o ar. Havia flores enfeitando toda a ponte que
levava à porta, onde o grupo de criados e um pequeno contingente do Exército
Vermelho de Letz, todos enfileirados a aguardavam. Ela desceu e passou por
entre eles, sentindo a emoção ficar presa em sua garganta. Os soldados se
ajoelharam e os criados a reverenciaram com suaves acenos de cabeça. Aquela era
a cena que esperava ver da primeira vez que pisou em Letz, a verdadeira
recepção de uma condessa.
Com a mão, espantou o pensamento e continuou caminhando,
sorrindo e cumprimentando aqueles que conhecia. Perto do fim, Juliette e Otto a
acolheram com um abraço paternal — do tipo que nem mesmo seus pais jamais lhe
deram.
Os olhos de Beatrice foram atraídos para Ludwig, com seus
cabelos loiros presos em uma fita, e os olhos verdes brilhando mais que a
esmeralda no dedo dela. Parado à sua frente, encararam-se por uns instantes,
antes de Beatrice levar a mão aos cabelos do conde e soltá-los. Depois,
afrouxou a gravata dele, percebendo que o futuro marido fechara os olhos.
— Eu o amo, Conde do Inferno, exatamente como é.
Ele sorriu e, quando voltou a abrir os olhos, puxou Beatrice
e beijou-a com todo o desejo acumulado desde a última vez que a vira.
— Você demorou — cochichou contra os lábios dela.
— Também acho — respondeu no mesmo tom, sorrindo.
Então, o casal se afastou e o conde cumprimentou Anne:
— Como vai, senhorita Becker? Seja bem-vinda de volta a
Letzburg. Tenho certeza de que meu criado pessoal ficará muito feliz em vê-la —
comentou, apontando com a cabeça para Rickard.
A jovem deu um risinho tímido para o rapaz e apressou-se
para cumprimentar Juliette, que a abraçou calorosamente.
Segurando a mão da futura esposa, o conde guiou-a para
dentro da casa.
— Amanhã, Beatrice, o padre virá celebrar nosso casamento — se
aproximou do ouvido dela para cochichar: — e eu estou ficando louco de tanto
esperar.
Ela sentiu as bochechas esquentarem e imaginou que tivesse
corado.
— Só mais um dia, Ludwig, e eu o terei por completo — falou
e, então, cochichou, lembrando de algumas indecências que ele havia comentado:
—, mas é possível mesmo fazer todas aquelas coisas no quarto?
— Oh, minha querida — ele gargalhou —, não faremos apenas no quarto. Quero tomá-la em absolutamente
todos os cômodos desse lugar, inclusive naqueles em que eu mesmo nunca entrei.
Os criados fingiam-se de surdos, mas Otto apressou-se em
dispensá-los:
— Ora, mas vamos trabalhar porque há muito o que fazer em
Letz! Vamos! Vamos! — Abanou com as mãos, espantando-os.
Ludwig sorriu e, então, puxou Beatrice para mais um beijo.
***
Naquela noite — a maior de toda a sua vida, segundo Ludwig
—, eles jantaram sozinhos na grande sala de refeições e o conde se ocupou de
ouvir sobre as aventuras da esposa em busca das roupas perfeitas. Depois, ele a
levou até a porta dos aposentos em que a dama se instalaria e beijou sua testa.
Não resistiria a qualquer coisa além disso, especialmente tão próximo de uma
cama.
Assim que o dia clareou, carruagens começaram a chegar e
enfileirar-se por toda a estrada de Letz. Franceses, ingleses, prussianos e
outros de tantas nacionalidades que a jovem nem sabia que existiam, nobres de
todos os lugares haviam sido convidados pelo temido Conde Vermelho para —
finalmente — conhecer as Colinas de Letz.
Da janela, Beatrice acompanhava o movimento e Anne sorria,
certa de que todos os sonhos de sua senhora seriam realizados naquela noite.
— Mas quem é essa gente toda, Anne?
— Seus convidados, condessa.
— Eu-eu convidei poucas pessoas da Inglaterra e nem acho que
elas vêm.
Uma batida na porta a tirou do estupor. Anne apressou-se
para atendê-la.
— Otto? — perguntou Beatrice.
— Os convidados estão sendo acomodados na ala de visitantes.
Teremos um grande banquete de almoço no jardim coberto. A senhorita deseja mais
alguma coisa?
— Onde está Ludwig?
— Na Lagoa do Abismo com o Exército Vermelho.
Ela se assustou.
— Outra guerra?
Ele riu e fez um sinal negativo com a mão.
— Não, não, senhora... Eles vão guardar a fronteira depois
do casamento e ele os está instruindo. Voltará a tempo de estar apresentável
para o banquete. Aquele cabelo dele... Por Deus!
Beatrice sorriu e olhou de novo para a janela, a tempo de
ver Ludwig entrar pela porta lateral.
— Otto?
— Sim, senhora?
— A passagem para a portinhola... Ainda está aberta?
Ele anuiu e ela entrou. Surpreenderia o conde no pequeno
corredor escuro.
— De fato, não cabe nem um Nibelungo aqui — cochichou, aguçando
a audição para acompanhar os passos pesados de Ludwig.
Ouviu um barulho abafado, como uma batida:
— Maldição! — Ludwig praguejou.
Ela riu delicadamente e cobriu os lábios com as mãos. De
repente, o corredor ficou em silêncio e Beatrice prendeu a respiração. Será que ele havia saído em alguma outra
sala?
A jovem começou a descer segurando as saias até que esbarrou
em uma muralha. Empurrada contra a parede, soltou um gritinho e teve a boca
coberta por uma mão áspera. Depois, sentiu o calor do corpo de Ludwig a
imprensando e o hálito de cerveja preencher o ambiente escuro.
— Esse perfume não me engana, condessa. Senti seu cheiro
degraus abaixo.
O conde soltou a boca da noiva e sorriu. O lugar era
apertado, apertado demais e ficou difícil se mexer com aquele homem enorme a
contendo.
— Ludwig, eu-eu...
O conde aproximou os lábios dela e a lambeu, da clavícula exposta
até a ponta da orelha. Fazendo o caminho inverso, deixou diversos beijos,
ocupando-se de conter as mãos da futura esposa presas acima da cabeça.
Passeando pela lateral do corpo de Beatrice, acariciou um
dos seios dela por cima do vestido sem interromper o contato com o pescoço da
dama.
— Algumas horas — ele cochichou, mais para si mesmo do que
para ela. — Eu só precisava esperar mais algumas horas... — Inspirou
profundamente junto ao pescoço dela. — Mas esse seu cheiro é afrodisíaco...
De olhos fechados, ela murmurou:
— Agora. Eu quero agora.
O conde sorriu, soltando as mãos de Beatrice e descendo o
toque até segurar-lhe os cabelos. Parando com a boca à frente da dela,
sussurrou:
— Agora, minha condessa?
— Hummm.... — ela ronronou.
O conde tomou os lábios de Beatrice, invadindo-os com a
língua, enquanto a puxava de encontro à sua própria ereção. Quando percebeu que
estava rendida, Ludwig puxou a frente do vestido da condessa para baixo e expôs
seus seios generosos, tomando-os com a boca, sugando-os e apertando-os enquanto
ajoelhava-se à frente dela.
Sem parar de enlouquecê-la, levantou as saias e abaixou a
roupa íntima, subindo com as mãos por ambas as pernas da condessa. Ele a
encarou e percebeu que Beatrice estava entregue. Sorrindo maliciosamente,
levantou suas pernas, colocando-as sobre seus ombros, e posicionou-se à frente
dela, que arregalou os olhos assustada com as possibilidades que aquela posição
lhe despertava.
— Agora, condessa? — perguntou novamente.
Beatrice lambeu os lábios e prendeu-os com os dentes,
agarrando os cabelos de Ludwig e puxando-os suavemente, pedindo que servisse o que
prometia.
Ludwig rosnou alguma coisa que ela não entendeu antes de
enfiar o rosto no meio das pernas dela e chupar, deliciando-se com os gemidos
da sua futura condessa. As mãos de Beatrice puxaram mais os cabelos do conde,
que a conteve presa entre seu rosto e a parede. Tomando-a com a língua em
movimentos circulares, chupou o ponto mais sensível da condessa até que ela
gozasse em sua boca.
Faminto, levantou e manteve as pernas de Beatrice abertas em
sua cintura, circulando-o enquanto a beijava insanamente mais uma vez e insinuava-se
nela, pressionando a ereção sobre a umidade quente de Beatrice.
Segurando as duas mãos dela novamente acima da cabeça,
Ludwig encostou a testa na dela e sorriu, soltando-a devagar até que ela
estivesse com as pernas no chão.
— Eu a amo — sussurrou, dando um beijo suave nos lábios de
Beatrice, que apenas sorriu. — Mais tarde, nós continuaremos... Nossa casa está
cheia demais — ele falou.
— Nossa? — Ela sorriu, ainda ofegando.
Ele a ajudou a se recompor e a abraçou, aguardando que a
respiração dela voltasse ao ritmo normal.
— Ludwig? — Beatrice o chamou.
— Sim?
Ela olhou para os lados e não teve coragem de perguntar.
Percebendo que a jovem hesitara, o conde se aproximou.
— O que houve?
— Não tem mais medo de que invadam Letzburg?
Ele suspirou e respondeu:
— Tenho.
— E por que convidou todas essas pessoas para virem aqui?
Acariciando o rosto da futura esposa, Ludwig se aproximou e
beijou a testa dela.
— Porque, se você for feliz, eu conseguirei lutar contra o
mundo inteiro.
Ela soltou o ar, sorrindo para ele.
— Eu o amo.
Ludwig ofereceu a mão para ela e levou-a até a portinhola
que sairia no quarto onde estava hospedada, o quarto da condessa, bem ao lado
dos aposentos do conde. Depois, voltou para o corredor e saiu em uma pequena
saleta anexa ao Salão da Palavra, onde Otto o esperava com alguns outros nobres
que objetivavam discutir assuntos políticos no único local onde poderiam falar
livremente com o Conde Vermelho.
— Onde estava, Letzburg? Demorou demais a chegar — disse o
grão-duque tão logo o rapaz apareceu na sala, entrando pela porta que levava à
saleta privativa do conde.
— Eu tinha coisas mais importantes para fazer.
— Como o quê?
— Atender a um chamado da minha esposa.
— Vejo que não é mais tão durão, meu caro. A jovem o
amoleceu?
Todos os outros homens riram e Ludwig serviu-se de um copo
de cerveja, sentando em seu lugar à cabeceira e pouco se importando com as
hierarquias. Passou duas horas ouvindo a nobreza prussiana reclamar das
misérias de suas arrecadações, permitindo que seus pensamentos o acalmassem com
a lembrança de uma Beatrice amolecida em seus braços na escadaria do castelo. O
conde coçou os olhos, pensando em maneiras de transformar o pequeno corredor
interno para que as costas da condessa não se machucassem nas paredes quando
ele a tomasse em outras posições.
— E você, Letzburg? Não vai dizer nada? Vejo que está
arrecadando bastante com suas terras?
— Minhas terras são produtivas, mas não há mais impostos.
Meu exército tem seu próprio chão para plantar, colher e proteger sua família.
Com isso, garantem a incolumidade do meu bem mais precioso.
— As fronteiras — disse o grão-duque com firmeza.
— A condessa — Ludwig respondeu.
O burburinho instaurado começou a incomodar o Conde Vermelho
que levantou antes do fim da reunião e saiu da sala sem sequer cumprimentar os
pares.
E que se danassem as
etiquetas!
— Gente chata — sussurrou.
— Conde? — Otto, que corria atrás do pupilo, o chamou. — O
almoço será servido. Já mandei avisar à condessa.
— Que horas é a bendita cerimônia?
— Logo depois.
— E essa gente vai embora quando?
— Alguns, amanhã. Outros, em alguns dias.
— Dias?
— Sim, meu caro. É comum acomodar os mais próximos por dias.
— Bom, os mais próximos não são aqueles que me amolaram no
Salão da Palavra. Menos mal. E já está tudo preparado?
— Como a condessa nem imagina.
— Tão logo o padre diga amém,
eu pego Beatrice e sumo — afirmou com certo alívio.
Otto suspirou.
— A condessa não vai nem aproveitar a festa?
— Ela vai ver a festa
que faremos no quarto. Depois de uma ou duas horas, voltamos para a companhia agradável dos convidados.
— Precisa melhorar sua cordialidade, rapaz. Sua esposa é uma
pessoa jovem, que gosta de música e...
— Não me amole, velho macambúzio. Minha esposa irá em todos
os bailes que desejar, dançará todas as danças que puder me ensinar e será mais
feliz do que qualquer outra mulher. Eu garantirei isso.
O conselheiro fez que não com a cabeça.
— E você conseguirá lidar com isso?
— Otto, eu lidei com meses da ausência de Beatrice. Todo o
resto é fácil perto daquilo.
— Equilíbrio, meu rapaz. Casamentos são sobre equilíbrio e
respeito.
Ludwig apertou os olhos para ele e virou, parando à porta —
a porta conhecida por todos — do
quarto de Beatrice.
— Ludwig? — Ela se assustou, corando imediatamente.
— Hora do almoço. Vamos?
Segurando a mão do conde, a noiva do Conde Vermelho parou à
frente do enorme salão coberto onde seria servida a refeição.
— O conde de Letzburg e a senhorita Beatrice Schwartz,
futura condessa de Letzburg.
A porta abriu tão logo o anúncio foi feito e a jovem, com os
olhos cheios de lágrimas, notou que todos do salão voltaram-se para ela. Tão
logo entrou, a quantidade de pessoas a fez arfar.
— Ludwig, de onde... — cochichou, interrompendo-se ao
encarar a mãe. — Minha mãe? Ela veio.
— Mandei buscá-la na melhor carruagem de Letz. — Balançou a
cabeça. — Bom, na segunda melhor. A melhor estava com você.
Beatrice sorriu e, empinando o nariz como fora ensinada a
fazer, acompanhou Ludwig nos cumprimentos, tomando seu lugar à mesa ao lado do
futuro marido.
— Nunca imaginei que veria tantas pessoas no meu castelo —
Ludwig começou a dizer, para quem quisesse ouvir. — Mas acredito que a nova
dona de Letzburg tenha me mostrado o valor das boas companhias.
Uma salva de palmas foi ouvida e, depois, todos começaram a
comer.
Lentos demais,
pensou Ludwig e batucou na mesa enquanto seus convidados serviam-se das
melhores caças de sua floresta e dos melhores quitutes de suas cozinheiras.
— Não lembro de ser tão ansioso, Ludwig — cochichou
Beatrice, colocando a mão sobre a dele para interromper o toctoc que ele fazia.
O conde sorriu para ela e se aproximou, cochichando em seu
ouvido:
— Sempre teremos as escadas. — Piscou, fazendo-a corar
novamente.
Duas horas depois, muitos barris de cerveja e galões de
bebidas, os convidados foram encaminhados pelos criados para um salão aquecido
por velas e tapeçarias, enquanto os noivos subiram para preparar-se.
***
Havia velas, havia flores trazidas do jardim de inverno da
falecida condessa, havia um altar improvisado... E havia um conde muito
nervoso.
Ludwig andava de um lado para o outro das margens da Lagoa
do Abismo. Os pais de Beatrice e alguns poucos nobres observavam a impaciência
do noivo e o padre, franzino e idoso, tentava utilizar sua experiência para
acalmá-lo.
— Meu jovem, ela virá. É provável que a neve tenha atrasado
a dama. Ela chegará em breve...
— Padre, concentre-se no seu discurso. Eu sei que ela vem.
Eu só queria é que ela viesse logo para
isso acabar rápido e eu poder levá-la
para o quarto, onde demorarei bastante com ela.
— A senhorita Beatrice Schwartz — anunciou o mordomo com
toda a pompa que pôde fazer.
A ansiedade de Ludwig tomou proporções gigantescas. Ela
estava linda. O vestido com bordados verde-claro não tinha cauda, embora
arrastasse a neve do chão, os cabelos presos para cima evidenciavam os lábios
brilhantes como geleia e um pesado casaco de peles cobria seus ombros,
sobrepondo-se às vestes e deixando a mostra apenas o colo.
Que colo!
De olhos arregalados, o Conde do Inferno engoliu em seco
quando sua futura esposa caminhou até ele. Segurando as mãos de Beatrice, ele
quase a beijou, sendo contido pelo toque gentil de Otto.
— Acalme-se. Está quase lá.
— Velho macambúzio! — Rugiu baixinho.
Beatrice sorriu e a cerimônia foi realizada da forma mais
breve que os rituais permitiram. Assim que terminou, todos voltaram para o
castelo e os recém-casados foram aplaudidos tão logo despontaram no alto da
escada.
Velas, luzes, um pianoforte tocando, um salão cheio de
pessoas elegantes interessadas apenas em vê-la descer acompanhada de um homem
maravilhoso, tudo como Beatrice havia imaginado, não fosse a tremedeira nos
joelhos e o pé fincado no chão... A condessa de Letzburg apertou o braço do
marido, novamente temerosa quanto a aparecer em frente a tanta gente.
— Ludwig?
— Sim, meu amor?
— Eu não quero descer.
— Como? Achei que sonhasse com esse momento?
— Eu-eu estou nervosa. Eu não estou pronta. Eu...
— Querida, olhe para mim — ele pediu com gentileza, tocando
o rosto da esposa para que o encarasse. — Eu estarei sempre ao seu lado.
***
— Beatrice, eu tenho mais uma surpresa... — disse o conde
enquanto dançavam a quarta música juntos. — Você me acompanharia ao nosso
quarto?
— Nosso?
— Sim. De hoje em diante, dormiremos juntos na nossa cama,
no nosso quarto — se aproximou do ouvido dela e disse, quase ronronando: — onde
eu a farei sentir prazeres indizíveis até para as damas cocotes de Paris.
— Oh! — Ela cobriu a boca com a mão.
Procurando deixar o salão através das pessoas da forma mais
sorrateira que um homem enorme e assustador poderia fazer, Ludwig e Beatrice
foram para o quarto. Parados na porta, o conde sussurrou:
— Desta porta para dentro, entre nós, tudo é possível.
Ela franziu o cenho e ele destrancou o quarto, que exibia uma
grande mesa com frutas, queijos e vinho, iluminada apenas por candelabros de
prata com múltiplas velas e decorada com orquídeas, além de uma cama alta com
dossel, aquecida pela caldeira e ...
A condessa entrou, olhando para todos os lados admirada pela
beleza de tudo. Naquele quarto, não havia fotos de condes e condessas, e sequer
uma obra de arte. As paredes eram nuas, pintadas apenas com arabescos. Uma
enorme tina de água aquecida borbulhava essências.
Ludwig entrou logo atrás da esposa e fechou a porta. Sobre a
cômoda, uma caixa repousava. Voltando para o marido, ela perguntou do que se
tratava:
— Seu presente de casamento. Quando você sentir minha falta
— pegou a caixa e abriu, entregando a ela — abra e ela tocará.
— Ludwig, é magnífico!
Antes que ela soltasse o objeto, ele a puxou e beijou,
derramando sobre a esposa todo o desejo daquele ano em que viveram as
desventuras de descobrirem-se apaixonados.
— Eu a amo — repetiu incontáveis vezes, tirando a caixa de
músicas da mão dela e colocando de volta na cômoda.
Beatrice também estava embriagada com o aroma de suor do
marido e ocupou-se de despi-lo, tirando a casaca e o camisão. Um tórax marcado
por músculos e cicatrizes, velhas e novas, enchia e esvaziava com rapidez,
ansiando por ela. Desenhando as cicatrizes mais profundas, a condessa
acompanhava a respiração descompassada de Ludwig, como um animal ameaçado e
rendido ao seu dono.
— Eu sou seu, Beatrice, faça o que quiser comigo. — A beijou
novamente.
As mãos de Ludwig, que antes abraçavam a condessa, assumiram
a tarefa de despi-la e, em pouco tempo, o vestido de Beatrice estava aberto na
frente. Ele tirou a parte de cima, deixando-a com o espartilho que marcava sua
cintura, e sorriu com a proximidade da realização de algo com que vinha
sonhando há meses. Soltando as amarras da saia, colocou a esposa parada à sua
frente apenas de vestes íntimas.
Sem deixar de beijá-la, Ludwig tomou Beatrice em um abraço
que a tirou do chão, levando-a até a cama, onde a deitou com delicadeza. A
insegurança acelerou seu coração, que batia em um ritmo frenético e excitado.
Com receio de fazer algo errado, ele hesitou.
— Eu sou sua, Ludwig — disse a condessa, insinuando-se para
o marido e engatinhando até ele. Levando a mão às calças do conde, ela as
desamarrou, permitindo que ele mesmo terminasse de tirá-las.
A ereção do Conde Vermelho quase roçou no rosto dela e a
simples possibilidade de aquilo acontecer fez Ludwig gemer. Percebendo uma
chance, Beatrice levantou a mão em um ritmo lento e torturante, até estar com o
membro do marido apertado entre seus dedos. Ludwig fechou os olhos e tombou a
cabeça para trás.
Sem saber como agir, Beatrice lambeu os lábios,
instintivamente levando a língua à ponta do falo, deixando um rastro tímido de
calor.
Ludwig abaixou e colocou-se sobre ela, procurando o colo da
esposa e tocando-a, puxando-a pela cintura para mais perto enquanto a beijava
com voracidade. Seus dedos brincaram com um dos seios de Beatrice enquanto a
outra mão puxava a perna da esposa para abraçá-lo. Beatrice agarrou os cabelos
de Ludwig e o apertou, gemendo contra a boca do marido, que brincava com a
ponta do membro na entrada dela.
Sentindo a umidade, Ludwig começou a penetrá-la lentamente,
percebendo que Beatrice o comprimia e apertava ainda mais. Enterrando as unhas
curtas nas costas largas do conde, a jovem ia entendendo a dor e misturando-a
ao prazer que o marido proporcionava, tocando seus seios, puxando seus lábios
com os dentes, engolindo seus gemidos.
O conde estava perto de derramar-se nela antes mesmo de
preenchê-la por completo. Então, saiu e entrou mais uma vez lenta e
prazerosamente. Ludwig desceu a outra mão e levantou ainda mais as pernas da
condessa, colocando-a em uma posição que permitiria a ele rebolar ao encontro dela.
E foi isso que ele fez. Sempre beijando-a, Ludwig a penetrava, preocupando-se
mais com os gemidos de prazer de Beatrice do que em evitar que ela sentisse
dor. Ele sabia que a condessa sentiria o desconforto da primeira penetração e
isto era inevitável. Então, ocupou-se apenas do prazer da esposa.
Quanto mais os sons de Beatrice se amplificavam, mais ele a
beijava. Queria tudo de sua condessa só para ele. Ludwig, então, começou a
pulsar dentro dela e temeu que o gozo não chegasse à esposa. Desceu os beijos e
tomou os seios dela, sugando-os e mordiscando-os, fazendo-a gritar de alívio e
prazer. Derramando-se dentro dela, exausto, caiu ao seu lado, puxando para o
colo a sua Gräfin der Hölle.
— Ludwig? — ela o chamou.
— Hum?
— Eu não quero que você deixe de ser o Conde Vermelho...
Virando o rosto, ele a encarou:
— E por que está dizendo isso?
— Eu ouvi quando disseram que você enfraqueceu por minha
causa.
Ele riu, passando a mão pela bochecha da esposa.
— É bom que pensem isso. — Deu um
beijo na testa dela. — Mas a verdade, cá entre nós, é que você me deixou mais
forte.