Diário da Lis

 

Ser escritora é a minha profissão. Mas hoje em dia, se alguém me pergunta "o que você é?", eu respondo: "mãe, esposa, dona da casa, escritora". Eu sou isso tudo, o tempo todo.

Não tenho como separar.

Não são raras as vezes em que, escrevendo, pego um papel para anotar "comprar sabão em pó" ou "lavar o vestido vermelho" ou "limpar o ventilador".

Muitas vezes, quando estou fazendo essas coisas, pego um papel e escrevo a fala de algum personagem.

Assistindo a algum filme com meu marido, já aconteceu de eu perguntar: "como você descreveria este lugar?"

Jantando, já perguntei: "se eu quiser matar uma pessoa com um golpe no pescoço, onde tenho que acertar?". É claro que, neste dia, ele arqueou uma das sobrancelhas e pensou muito antes de responder.

Quase todo dia, meus filhos me apresentam uma palavra nova - algumas vezes, é nova apenas para eles. Seja qual for, eu anoto e uso no livro naquele dia. Sempre. Mesmo que a palavra seja horrorosa, como gavial (que apareceu em "A Casa das Senhoras Distintas 2").

Eu sou uma só. E sou tudo o que quero ser.

A maternidade, especialmente, é o maior desafio porque, diferente das outras coisas, é a única que entra na frente. Se eu estou escrevendo e está na hora do almoço, eu paro. Se estou jantando com o marido e algum dos dois me chama, eu paro. Se estou lavando louça e há algo que eles precisam fazer, eu paro. Seja o que for, eu paro.

Nem sempre é fácil. Pelo contrário. Pensar em tudo o que tenho para fazer e parar apenas para apartar uma briga, frequentemente no meio de uma linha de raciocínio (os nós que eu desato em insights loucos no meio do nada), é tenso e costuma me deixar bem desesperada. Eu grito, eu brigo - e já me tranquei mais de uma vez no banheiro apenas para chorar ou me esconder dos tititis comuns... Mas eu sou mãe. Mãe como quero ser. Mãe como acho que devo ser.

E também sou esposa, dona da casa (percebam que é "da" e não "de") e escritora.

Isso, para mim, é empoderamento.


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