Literatura informativa
Já conversamos aqui sobre Pero Vaz. O que eu não disse é que esta escrita dele, a literatura informativa ou literatura dos viajantes (ou cronistas), um reflexo das Grandes Navegações, era especialmente direcionada a fazer descrições de flora, fauna, da gente. Daí ser descritiva e, então, segundo José de Nicola, sem grande valor literário.
Ainda assim, são as únicas fontes de informação sobre o Brasil do século XVI. Exaltam a terra e mostram especialmente o assombro europeu com o exotismo e exuberância dos trópicos. Há exagero de adjetivos, quase sempre superlativos. Essa exaltação foi a semente do nativismo que surgiu a partir do século XVII, essencial nas primeiras manifestações contra a metrópole.
Outro trecho da carta de Pero Vaz:
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E portanto se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade.
[...]
Mas o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente.
