Diário da Lis
Escrever sobre mulheres empoderadas, estudá-las e defendê-las é uma tarefa bem estranha em tempos de machismo moderno. A resistência que eu encontro, mesmo entre mulheres, é assustadora.
Nessa semana que passou, uma vítima de estupro foi exposta ao ridículo por advogado, promotor e juiz. Falamos sobre força, falamos sobre direitos iguais e falamos de liberdade, mas sentimos, na pele, que o discurso se esvazia quando a roupa da jovem é considerada estopim - autorização - para o desrespeito do outro.
É difícil, bem difícil, lidar com a hipocrisia de um machismo ensinado no berço. Difícil observar o que transborda da pele de pessoas que supostamente são esclarecidas.
Cada livro que eu escrevo tem, pelo menos, uma mensagem embutida. Sempre pretendo mais do que posso. Sempre anseio transformar a vida de, pelo menos, uma leitora. Ou um leitor.
Eu escrevo pensando em mulheres, mas não necessariamente para mulheres. A verdade é que a minha vitória será mais completa se eu conseguir transformar a forma de pensar de uma pessoa machista.
Infelizmente, empatia e respeito ao próximo não é tão fácil explicar.
Deixo aqui o meu apoio à vítima e espero que a justiça seja feita.
